Incorporar à rotina atitudes que comprovadamente previnem doenças pode somar anos à vida. Dê esse passo à frente e assuma o comando da sua saúde
Cristina Nabuco | Foto modelo Yasmin Mitri, L’Equipe, Chris Parente
Bons hábitos fazem viver mais e melhor. O número mais recente indica que eles reduzem 55% o risco de morte por doenças cardiovasculares e câncer, dois algozes da atualidade. Publicado em setembro no BRITISH MEDICAL JOURNAL, é o resultado de um estudo americano da Escola de Medicina de Harvard, que avaliou 77 872 mulheres entre 24 e 59 anos por mais de duas décadas. Pôr em prática essas atitudes é tomar nas mãos o controle da saúde. Afinal, como diz a música SERRA DO LUAR, cantada por Leila Pinheiro, “viver é afinar o instrumento de dentro pra fora, de fora pra dentro”.
15 hábitos saudáveis da mulher inteligente: |
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1. Respeitar o corpo
As solicitações são tantas, entre casa, trabalho, filhos e atividades sociais, que esquecemos das nossas necessidades básicas. É comum ignorar a fome e a sede, driblar a vontade de ir ao banheiro, abrir mão de horas de sono. Além do cansaço e do stress, esses descuidos podem custar muito caro à saúde. “Ficar horas sem beber água e segurar a urina por longos períodos aumenta o risco de cistite, infecção da bexiga que afeta metade do sexo feminino ao menos uma vez na vida”, avisa o urologista Fernando Vaz, do Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro. Adiar o uso do toalete também favorece a prisão de ventre, enquanto atrasos na refeição e substituição dela por lanche provocam dores de cabeça e queda no rendimento. Observar os limites do organismo é indispensável.
2. Alimentar-se bem
A nutricionista Lara Natacci, de São Paulo, sugere três medidas muito simples para melhorar a dieta. A primeira é ingerir pelo menos cinco porções diárias de hortaliças e frutas, sob a forma de sucos, saladas e sobremesas – esses vegetais são as principais fontes de vitaminas, minerais e fibras, além de ter ação antioxidante, protegendo contra distúrbios cardiovasculares, diabetes e câncer, entre outros males. A segunda medida é o consumo diário de grãos integrais, cereais e leguminosas. Eles são grandes fornecedores de fibras, que estimulam o funcionamento intestinal e ainda ajudam a reduzir o colesterol. E a terceira medida consiste em tomar de 1,5 a 2 litros de água por dia para favorecer a digestão, melhorar a absorção e a circulação dos nutrientes e facilitar a eliminação de resíduos. Beber muita água também pode ajudar a manter a pele e os cabelos sempre bem hidratados.
3. Fracionar a dieta
Comer pequenas porções cinco ou seis vezes ao dia, em vez de fazer refeições abundantes, contribui para a digestão e o melhor aproveitamento dos nutrientes. Segundo Lara, isso evita que o cérebro interprete o período de estômago vazio como escassez de alimento e desacelere o metabolismo para poupar energia, provocando acúmulo de peso. O jejum aumenta a secreção de cortisol, o hormônio do stress, que, além de manter a pessoa tensa, favorece o depósito de gordura no abdome. O truque é ter sempre à mão um lanchinho, como frutas frescas ou secas, iogurte ou barrinha de cereais.
4. Fazer exercícios
Para garantir a extensa lista de benefícios dessa prática, que inclui desde a melhora da função cardiovascular até o alívio do stress, é preciso regularidade. Não adianta caminhar ou aparecer na academia só quando dá tempo. Se está difícil incluir o hábito na rotina, reserve um horário para se exercitar no período do dia em que se sente mais disposta e organize a agenda em função dele. “O melhor é priorizar os exercícios aeróbicos – caminhar, correr, nadar, andar de bicicleta –, que previnem contra doenças do coração, e as atividades de força, como musculação, que evitam a perda de massa muscular e a osteoporose”, ensina o professor de educação física Sérgio Garcia Stella, coordenador do Laboratório de Fisiologia do Exercício, das Faculdades Integradas de Santo André, na Grande São Paulo. Dança, boxe, ioga e modalidades aquáticas são boas opções para quem não gosta de malhação. O importante é ter orientação especializada – para afastar o risco de lesões – e passar antes por uma avaliação médica.
5. Preservar o sono
Se você é do time que dorme mal (quatro em cada dez brasileiros), não deixe as noites em claro se acumularem. “O sono não é só o desligamento para descanso. Ele é um estado ativo, com profundas repercussões no funcionamento do corpo e da mente”, diz o médico especializado em distúrbios do sono Denis Martinez, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Enquanto dormimos, o cérebro e os tecidos do organismo se regeneram, a memória se consolida e hormônios são fabricados. Dormir mal afeta o humor, o raciocínio e a tomada de decisões. Comece avaliando: você deita sempre no mesmo horário? Abusa do café? Seu quarto é escuro e silencioso? O colchão é confortável? Feitos os ajustes, se o problema persistir, procure um especialista.
6. Espreguiçar
Em vez de pular da cama ao toque do relógio, reserve alguns minutos para se alongar. Esticar-se na cama e virar de um lado para o outro ajuda a despertar os músculos (depois de horas de imobilidade), ativando a circulação e prevenindo dores e lesões. “O alongamento prepara os músculos para o movimento e ajuda a concretizar a transição da inatividade para a atividade sem tensões indevidas”, ensina o expert americano Bob Anderson, autor do manual ALONGUE-SE (ED. SUMMUS).
7. Desarmar o stress
Sobrecarregada, sem liberdade nem tempo livre. Soou familiar esse autorretrato feito por mulheres dos grupos de discussão da antropóloga Mirian Goldenberg, da Universidade Federal do Rio de Janeiro? Então, você precisa urgentemente de uma pausa na correria diária. O stress aumenta o risco de doenças do coração e agravadores e outros distúrbios. Para mantê-lo à distância, a psicóloga Ana Maria Rossi, do Rio Grande do Sul, presidente da International Stress Management Association no Brasil, sugere investir no autoconhecimento. Também ajuda estabelecer limites, aprender a relaxar e abrir mão do impulso de carregar o mundo nas costas. Eleger prioridades e delegar tarefas é um bom começo.
8. Apagar o cigarro
Câncer, distúrbios do coração e doenças pulmonares lideram a lista das mais de 50 doenças associadas ao tabaco. Deixar de fumar não é fácil, sobretudo para as mulheres, que estabelecem forte ligação emocional com o cigarro, diz a psicóloga Silvia Cury Ismael, coordenadora do Programa de Assistência Integral ao Fumante do Hospital do Coração, em São Paulo. Se quiser parar sozinha, marque uma data, jogue fora todos os maços, passe a comer mais vezes ao dia alimentos não calóricos, como cenouras cortadas em palitos grandes e cristais de gengibre, e aumente a ingestão de água gelada, que diminui a vontade de fumar. As chances de sucesso crescem com medicação e terapia.
9. Usar protetor solar todo dia
Está aí uma atitude moderna e superinteligente, afirma a dermatologista Renata Domingues, professora do Hospital da Gamboa, no Rio de Janeiro. O cuidado previne o câncer de pele, além de evitar o aparecimento de manchas e rugas causadas pelo sol. A especialista lembra que os raios ultravioleta também provocam degeneração do colágeno, deixando a pele mais flácida. “Por isso, muitas mulheres de pele clara chegam aos 50 anos com o colo áspero e encarquilhado”, explica ela. Para afastar esses e outros riscos e ainda favorecer a recuperação dos tecidos precocemente envelhecidos pelo excesso de sol, adote um produto com fator de proteção adequado ao seu tom de pele (quanto mais clara, maior o fator necessário). Aplique-o diariamente no rosto, colo, nas mãos e em outras partes do corpo que ficam mais expostas.
10. Escovar os dentes
Em tempos passados, havia a crença de que bastava escovar os dentes pela manhã, após o almoço e antes de dormir para garantir a saúde bucal. “Mas os hábitos mudaram. Hoje, as pessoas se alimentam mais vezes ao dia e é preciso limpar os resíduos com frequência maior para prevenir cáries e doenças da gengiva”, orienta o dentista Newton Miranda de Carvalho, de Belo Horizonte, secretário-geral da Associação Brasileira de Odontologia. Fora isso, é importante usar fio dental e consultar o dentista a cada seis meses ou sempre que detectar alguma alteração na boca.
11. Controlar o peso
A obesidade avança em ritmo assustador, elevando a incidência de doenças associadas a ela, como diabetes, hipertensão e problemas de articulação. O índice de brasileiros com excesso de peso já chega a 43,4%. Para sair dessa estatística, em vez de seguir dietas da moda ou cometer loucuras como passar um dia inteiro em jejum, que só reforçam o famoso efeito sanfona, é melhor procurar orientação especializada. “Mesmo porque 90% das dietas, incluindo as balanceadas, acabam fracassando”, lembra Lara Natacci. Segundo a nutricionista, outro efeito negativo da mania de fazer regime é o risco de desenvolver transtornos alimentares ou de transformar a comida em consolo para frustrações e dificuldades emocionais. “É preciso estabelecer uma boa relação com o alimento dissociando o prazer de comer da culpa e evitando os excessos – tanto para mais como para menos”, afirma.
12. Fazer checkups
Revisões médicas periódicas detectam cedo o risco de doenças que se instalam silenciosamente (como a hipertensão e o diabetes do tipo 2). Também permitem diagnósticos precoces, evitando complicações, afirma Antônio Carlos Lopes, professor titular de clínica médica da Universidade Federal de São Paulo. Quem faz papanicolau todo ano, por exemplo, diminui em mais de 90% o risco de câncer de colo do útero, e o controle da pressão arterial desde a infância já é recomendação de rotina entre os especialistas. Além da visita semestral ao ginecologista, vale uma consulta anual a um clínico-geral. Ele poderá direcionar os exames às suas necessidades, analisar resultados, ajudá-la a fazer ajustes necessários no seu modo de vida etc.
13. Ficar em silêncio
Ao longo do dia, nos deparamos com tantos estímulos que nossa atenção volta-se apenas para fora. Não temos tempo de parar e olhar para dentro. Mas vale a pena buscar a quietude interior. “Além de trazer autoconhecimento, a introspecção alivia a ansiedade, a insônia e as doenças associadas ao stress”, afirma o clínico-geral Aderson Moreira da Rocha, presidente da Associação Brasileira de Ayurveda, a medicina da Índia. “A mente humana é como um macaco pulando de galho em galho. O silêncio acalma esse macaco”, compara. Para isso, você pode recorrer à prática da meditação ou começar de modo mais simples: vá a um lugar silencioso, feche os olhos, sente-se confortavelmente, com a coluna ereta, e observe a entrada e a saída do ar sem tentar controlar. “Inicie com cinco minutos diários, depois aumente o tempo gradativamente”, orienta. “A paz que se alcança com essa parada é surpreendente.”
14. Saborear a vida
Para dar conta de todos os afazeres, vamos nos esquecendo de acrescentar calor, entusiasmo e prazer à rotina. “Aprender a viver também faz parte de uma vida saudável”, afirma o filósofo e jornalista Ciro Marcondes Filho, em O PULSAR DA VIDA (ED. PAULUS). O livro traz sugestões: ser generoso, solidário, ter compaixão; explorar os sentidos, sem querer traduzir as experiências em palavras; praticar o pensamento, mudar as ideias de lugar, arranjar sua cabeça de maneira nova; estar presente física e espiritualmente em todas as situações do seu dia. Diz o autor: “A vida é um episódio só, nossa chance única neste teatro do mundo. Só temos direito a uma apresentação. E ela tem de ser gratificante”.
15. Ter amigos
Quem conta com um ombro para desabafar vive mais, adoece menos e escapa da depressão. Cientistas da National Geographic Society e da Universidade de Minnesota, ambas nos Estados Unidos, comprovaram essa tese ao mapear os hábitos predominantes nas regiões onde vivem os povos mais longevos – Okinawa, no Japão; a ilha de Sardenha, na Itália; Loma Linda, nos Estados Unidos; e a península de Nicoya, na Costa Rica. A conclusão é que, ao lado da alimentação saudável e da atividade física, o lazer e as relações sociais são determinantes para prolongar a vida. Viver rodeado de amigos faz bem à saúde.
Fonte: http://claudia.abril.uol.com.br 26/04/09